quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Conto de Terça - Era ele?

"Infelizmente as respostas de perguntas aleatórias que fazemos a universo não aparecem do nada na nossa frente... Infelizmente! Eu não estava aguentando de tanta adrenalina correndo no meu corpo. Eu precisava saber se era ele, mas eu tinha que raciocinar um pouco, colocar a razão a frente de toda a aquela emoção que estava tomando conta de mim.

Podia não ser ele!

Podia ser qualquer outro cara. Como eu posso estar pensando que um cara com aquele olhar tão penetrante estava olhando para mim? Não, não era possível!

Mandei uma mensagem para o Leo: "Leo, não sei quem é esse menino... Faz assim, pega o número dele e me passa. Que falo com ele... hahahaha... Na verdade dou uma olhada na foto dele do Whats antes de falar... hahahahaha ;)"

Fui lá no grupo das meninas e contei toda a história, que tinha visto um cara lá na universidade e que ele era bem gatinho. Contei que o irmão do Paulinho - que eu não sabia quem era - estava pedindo meu número ao Leo, só que eu não sabia se era o mesmo cara. Enfim.... ficamos algum tempo conversando e elaborando mil teorias sobre isso. Conversa vai, conversa vem...

-"Ei, tava já de agonia com essa história toda, peguei logo o número dele com o Leo" - escreveu a Babi.
-"Eiiiiitaaaa, agora a gente descobre se é o mesmo cara!" - Aninha escreveu.
-"Péssimas notícias... " - Babi diz.
-"Como assim??? Sabiiiia que não podia ser ele. Ele é deuso demais para tá pegando telefones alheios" - eu mesma. 
-"Afff, fala sério Beca. Vai ver ele nem era tão deuso assim..." - disse a Rê.
-"Naaada disso.... Só que eu com minha curiosidade adicionei o número para ver a foto no whatsapp. E adivinha?? A foto dele é bloqueada... não consegui ver! Nem a Beca vai conseguir..." - explicou a Babi.
-"O jeito é arriscar! Vai que é ele mesmo!!!" - disse Aninha.
- "Babi, passa o contato dele que eu vou criar forças e preparar minha mente para a decepção caso ela venha. HAHAHAHAHAHA" - escrevi.

A Babi passou o contato dele. Eu tinha um número e tinha um nome, mas não tinha a imagem ligada a pessoa. Como em tempos de redes sociais alguém no mundo não tem uma rede social? Na minha mente só passa que esse ser tem algo a esconder, deve ter namorada, esposa e filhos... Tudo logo junto, porque quando eu penso besteira, só penso em besteiras grandes, rsrsrs.

Agora estava nas minha mãos descobrir se esse cara que queria meu número era o mesmo cara que eu tinha ficado encantada com ele. Eu só precisava mandar um 'oi'. Só que não era tão simples assim. Eu já tinha me iludido e desiludido várias vezes, tantas vezes que foram suficientes para que eu passasse a me resguardar e evitar envolvimentos que eu não tinha o controle da situação.

Mas parece que dessa vez eu não podia evitar, eu tinha que tirar essa dúvida da minha mente. Será que era ele?

Dormi e acordei pensando nessa história.
E minha mente, que não para, tratou de formular as ideias mais loucas. Primeiro sonhei que ele era um príncipe que ia me buscar em uma floresta. Depois sonhei que ele era um assassino em série. Depois ele era somente um cara sem rosto. Hahaha, minha mente consegue imaginar cada história....

Fui para a universidade, além de aulas para assistir, eu tinha muito assunto para estudar, as provas estavam chegando e eu estava bem atrasada nos estudos. Acabou que a manhã foi tão corrida e a tarde também, nem tive tempo de pensar mais nessa história. A realidade das provas chegando me fez esquecer um pouco esse conto de fadas que minha mente criou. Cheguei em casa tão cansada que só tive energias para tomar um banho, fazer um chocolate quente e ir dormir.

Na terça de tarde, estava já voltando para minha sala de estudo quando escuto um rapaz falando comigo:

- Ei moça, Rebeca! - disse o rapaz.

Quando olhei para trás era o Paulinho.

- Oi Paulo!
- Tudo bom? Porque tu não foi para o Pub no final de semana?
- Estou bem sim. Rapaz, nem fui mesmo, vacilei, fui para casa estudar e perdi a farra. E você como está?
- Estou bem também. Ei... O Ricardo vem aqui na universidade hoje, ele perguntou se você não vai dar nem um 'oi' para ele no whatsapp.

Arregalei os olhos, e tenho certeza que fiquei vermelha, porque o Paulinho gargalhou e disse:

- Calma, não precisa ficar com vergonha. É que ele te achou muito bonita, e achou uma coincidência muito grande vocês terem conhecidos em comum. Enfim, vou pra aula, jájá ele aparece por aí.

Voltei para minha sala com uma mistura doida de sentimentos: vergonha, ansiedade e vontade de mandar um 'oi'. Peguei e soltei o celular várias vezes. A verdade era que eu estava morrendo de medo de frustrar minhas expectativas. Sim, eu já tinha criado várias expectativas na minha mente. Será que ele já estava pela universidade? Resolvi sair pra ir procurar por ele, usando a desculpa que precisava comprar comida e água.

Rodei pela universidade e nada dele, voltei para minha sala. Foi aí que percebi o quanto eu estava dando uma de doida. Como é que eu estava procurando alguém pela universidade, se eu nem tinha certeza sobre quem eu estava procurando. Eu só podia estar ficando doida. Achei melhor juntar minhas coisas e ir para casa. Se continuasse ali o dia não seria nada produtivo.

Quando abri a porta da sala aqueles olhos estavam ali na frente, bem na frente da minha sala. Estavam me olhando - agora não tinha dúvidas. Ele sorriu. Eu tive certeza. Era ele!

- Já que você não me mandou um 'oi' resolvi vir aqui buscar. - disse o dono daqueles lindos olhos pretos.

Eu sorri."

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